Atualmente, vivemos em um tempo em que a informação é essencial, seja em qual área for. Mas não qualquer tipo de informação. Para que gere valor, a informação deve ser qualificada, capaz de traduzir a realidade com precisão, se aproximando do real e apresentando uma leitura correta do contexto analisado. Em tempos de primazia das redes sociais, quem nunca acreditou (ou quase) em uma “notícia” veiculada e disseminada em postagens na web e em aplicativos de compartilhamento de mensagens? Vez ou outra somos obrigados a incorporar o papel de detetives investigativos para apurar a veracidade dos fatos que nos são cotidianamente apresentados, não é mesmo?
No mundo corporativo, a informação é ainda mais fundamental, sobretudo pois os recursos tendem a ser escassos e as demandas infinitas. É necessário gerenciar esses recursos, que só é possível mediante o uso assertivo da informação. Segundo William Deming, um dos precursores dos estudos sobre gerenciamento de qualidade no mundo, “não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende, não há sucesso no que não se gerencia”.
Nesse contexto, um dos principais instrumentos para a qualificação da informação é o indicador. De acordo com Januzzi (2011), um indicador é uma medida, em geral quantitativa, dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de projetos, programas, políticas, etc.). Em suma, isso quer dizer que um indicador torna tangível uma ideia ou conceito específicos, como por exemplo, o analfabetismo que se operacionaliza na taxa de analfabetismo.
A figura do dedo é uma boa ilustração da função primordial de um indicador. Enquanto o “apontador” assinala determinada direção, outros três dedos da mão se voltam para o sujeito, demonstrando que um indicador possui funções tanto externas, de tradução da realidade – o apontamento; quanto internas, de geração de valor – os dedos que se voltam.
Sendo assim, os indicadores, em uma perspectiva empresarial, podem ser classificados em duas categorias: 1. Indicadores Socioeconômicos e; 2. Indicadores de Sustentabilidade.
Os indicadores socioeconômicos apresentam informação qualificada a respeito da sociedade. Para uma corporação, eles possibilitam a compreensão do território na qual a mesma está ou vai se inserir. São fundamentais para que se conheça as características, potencialidades e vulnerabilidades locais, de modo que a empresa, de posse dessas informações, possa adotar uma postura proativa, de protagonismo e engajamento social.
Já os indicadores de sustentabilidade apresentam informações qualificadas a respeito da atuação da própria empresa. Sua função básica é avaliar o nível de sustentabilidade dos negócios de modo a apresentar uma resposta, uma espécie de accountability socioambiental, à comunidade em geral (sociedade civil, governos, acionistas, investidores, agências de financiamento, mercado, etc.). Atualmente, as principais agências de financiamento nacionais e internacionais – como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Banco Mundial, por exemplo – esperam que seus tomadores apresentem Relatórios de Sustentabilidade, que são a prestação de contas a respeito do investimento realizado. Os indicadores conformam a grande maioria do conteúdo dos Relatórios de Sustentabilidade.
Todo indicador, seja ele socioeconômico ou de sustentabilidade, possui uma função essencialmente econômica, uma vez que por intermédio da informação que oportuniza o planejamento estratégico, possibilita a redução das perdas e a consequente maximização dos ganhos. Além disso, são também atributos de um indicador: a possibilidade de conhecimento de mudanças e impactos sociais, o conhecimento das determinantes de fenômenos específicos, o planejamento, monitoramento e avaliação estratégicas, bem como a visibilidade e comparabilidade, fazendo de uma organização mais competitiva e alinhada com as demandas mercadológicas.
Desta forma, para concluir, não seria exagero afirmar que o monitoramento de indicadores é vital para uma organização, pois permite a gestão estratégica, o autoconhecimento e a maximização de ganhos. Ademais, em uma sociedade cada vez mais informatizada e, por consequência, democratizada, os indicadores permitem à empresa enxergar o mundo que lhe cerca, tal como se mostrar a este, integrando-se à sociedade geral como um agente transformador.